Aprofundar aprendizagens e aprendizagem em equipa

Uma das coisas que sempre senti a nivel de aprendizagem foi a dificuldade em focar-me só num tema.

Afinal, como podemos escolher estudar um tema e tornarmo-nos minimamente bons nesse tema, algo que demora tempo, quando há tantas coisas novas a acontecer no mundo (do desenvolvimento de software e não só).
Ao mesmo tempo, como escolher o que aprender quando, ainda por cima, normalmente o conhecimento de base é mais complicado de apreender do que o conhecimento aplicado.
Por exemplo será mais complicado perceber os conceitos de Domain Driven Design do que perceber o que tenho de fazer para criar um método que envie um email.

No meu caso isso levou a que na maior parte das vezes eu fizesse um percurso em espiral, lia sobre um tema, sem o aprofundar, depois outro, depois voltava ao mesmo mas já com um pouco mais de densidade, etc.

O resultado disto é que demoramos muito tempo a ser mesmo bons em algo, a vantagem é que vamos aumentado o nosso conhecimento superficial de outros temas. Tem um pouco a ver com um perfil de conhecimento generalista (t-shaped) ou especialista.

Algo que não tive capacidade de perceber foi que, mesmo mantendo o perfil generalista, há temas que fazem sentido ser explorados a fundo mais cedo ou de forma mais recorrente, porque são o pilar de outras coisas.
Ou, noutra perspetiva, talvez não faça sentido tentarmos fazer uma maratona se nem 5 km conseguimos fazer.

Ou seja, para mim faz sentido ler e explorar o que há mais lá à frente, perceber como grandes empresas trabalham, como boas equipas de desenvolvimento trabalham, como as nossas pessoas de referência (autores, youtubers, etc.) dizem que passam o seu dia.
Há um elemento inspiracional e de ambição nisto, é algo para onde quero ir.
Mas ao mesmo tempo temos de criar o “musculo” que nos vai levar lá, e isso leva tempo, é inevitável.
Ter o mix certo desta abordagem é sem dúvida a parte mais dificil.

Conseguir este percurso em equipa é ainda mais complexo.
Por um lado as pessoas têm, normalmente, competências de base diferentes, umas mais experiência numa área, outras noutra.
Depois têm interesses diferentes, umas gostam mais de explorar uma área de tecnologia (backend por exemplo) e outras outras (frontend por exemplo).
Também o seu percurso pessoal faz diferença, uns têm todo o tempo disponivel para si, outros têm de ir buscar os miúdos, já estão mais cansados, etc.
E ainda será de considerar o seu dia-a-dia de trabalho, umas têm projetos com um determinado tipo de característica e desafios, que “pedem” determinado tipo de conhecimento e outras outros.

Isto torna mais dificil, mas não impossível, seguir uma ideia de aprendizagem em equipa, em que, durante um determinado período de tempo a equipa, como um todo, escolhe um tema que todos irão explorar.
Não se trata de dizer que não podem explorar outros temas, mas sim garantir que pelo menos o tema seleccionado está na mente de todos.
Na mente e na prática, já que a aprendizagem só ocorre verdadeiramente quando juntamos a teoria à prática.
É dificil conjugar isto, mas é possível.


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