Nuclear

A TSF vai fazer durante esta semana 5 debates (acho que sonhei porque na terça não deu nada…) com intervenientes favoráveis e desfavoráveis à criação de uma central nuclear em Portugal. É transmitido todos os dias entre as 13h e as 14h30 (penso eu)

O debate de ontem foi com Sampaio Nunes que é um dos promotores do projecto de Monteiro de Barros, Susana Fonseca da Quercus, Mira Amaral e Aníbal Fernandes.

A minha posição de principio é claramente anti-nuclear e precisamente pelo facto de ser tão clara é que gostava de ouvir alguém que promove este tipo de solução a contrapor argumentos às criticas que todos nós já estamos fartos de conhecer (segurança, aplicabilidade em Portugal, etc…). Infelizmente do que eu ouvi do debate (penso que terá sido quase todo) não foi assim e tenho pena.

Algumas notas sobre os pontos abordados no debate de ontem:

Seguran?a
– Chernobyl – aconteceu devido às condições técnicas e humanas existentes nas centrais de leste. Considero que pode ser um argumento válido para explicar o que se passou. No entanto aconteceram acidentes noutras centrais incluindo no ocidente.
– Há sempre riscos e nós já temos esses riscos devido às centrais espanholas – aqui está um ponto a que não tinha dado a devida importância. Esquecendo agora outro tipo de questões e considerando apenas esta ideia do risco, realmente nós em caso de acidente numa central espanhola iremos pagar o preço do nuclear devido à proximidade das suas centrais, daí que a ideia de que só no caso de instalarmos uma central em Portugal é que passaríamos a ter um risco nuclear é uma falácia. Quanto muito iríamos aumentar esse risco em mais 12% (considerando o aumento de oito para nove centrais na península). Ver lista de centrais espanholas.

Resíduos
– Perigosidade – Os resíduos perdem 50% da sua radioactividade em 10 anos, 90% em 100 e depois demoram alguns milhares de anos até deixarem de representar um risco para nós.
– Armazenamento – se considerarmos enterrar um problema e esperar que ele se resolva uma solução então podemos dizer que mais ou menos a questão dos resíduos é trivial, como tentou passar Sampaio Nunes. No entanto esta opção tem um problema relativamente grave que é o facto dos materiais usados para construir esses repositórios de lixo nuclear terem eles próprios um tempo de vida que poderá não ser suficiente.
– resíduos emitidos – dependendo do interveniente, a central proposta para portugal iria produzir entre 26kg/MW/h ou 26kg/MW/ano fiquei sem saber de qualquer forma foi unanime que uma qualquer central a carvão produz muitas vezes mais resíduos (na ordem das milhares de vezes mais) do que uma central nuclear. depende depois do interveniente valorar ou a quantidade de residuos produzida ou a qualidade (mais nocivo, menos nocivo) desses resíduos.

Infraestruturas
– recursos humanos – pareceu mais ou menos claro que para comandar uma central nuclear são precisas cerca de quarenta pessoas que segundo Sampaio Nunes se limitam a seguir uma espécie de check-list. os recursos actuais estão essencialmente em fim de vida util já que são maioritariamente pessoas que se formaram durante o boom inicial do nuclear nos anos setenta.
ligação à rede eléctrica – pelos vistos os custos de ligação da central à rede eléctrica não são dispiciendos representando cerca de 600 milhões de euros num investimento total de 3,5 mil milhões. levantou-se a duvida sobre quem deverá pagar esse valor, o estado ou o promotor da central.

Localização
– Rio Douro – pelas necessidades de àgua que uma central tem e pelas perdas que provoca através de evaporação parece inevitável que uma central nuclear em Portugal tenha que ser instalada na bacia do Douro.
– sondagens – aparentemente foi publicada uma sondagem no expresso (com ou sem ficha técnica fiquei sem perceber) que indica que 62% dos portugueses não se importam de ter uma central electrica no Douro.

O ponto final a ser discutido penso que eram as alternativas mas não tive tempo de ouvir.


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Comentários

Um comentário a “Nuclear”

  1. Avatar de Norte
    Norte

    Uma sondagem encomendada por PSDs, num jornal de tendências claramente laranja, sem ficha técnica, continuam a querer manipular a consciência e a opinião dos portugueses, enfim, a nossa comunicação social é uma VERGONHA a todos os níveis.
    Eu sou do Norte, assim que isto se tornou público as pessoas mostram um total desagrado.
    Se a problemática dos resíduos das minas da Urgeiriça, encerradas à décadas continua sem solução, imaginemos então como seria com os resíduos de uma Central Nuclear…

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